Resenha – Crônicas da Tormenta Volume 2 Parte 1

Uma das maiores dúvidas que aparece tanto no Masmorra de Valkaria quanto em outros grupos relacionados a Tormenta é sobre o Lore antigo do cenário.

É bem difícil não falar de antigos acontecimentos e não falar sobre os contos.

Portanto, decidimos trazer um review do Crônicas da Tormenta para facilitar algumas pessoas a compreender melhor o cenário.

Antes de seguir a leitura avisamos…

Contém Spoiler


Graças ao cupom da Editora Jambô liberado no mês de Março – “leiaemcasa”, percebi que ainda não havia adquirido o vol. 2 das crônicas da tormenta, o que se tornou uma combinação perfeita. Ao começar a ler os títulos dos contos, me deparei com este conto que a muito tempo não revisitava e deixo aqui minhas impressões. (lembrando que esse é apenas um dos contos desse ótimo livro – que contém também um conto da Karen Soarele que nos presentou com o Joia da Alma e o fantástico Deusa no Labirinto (leiam – sério leiam).


A COMPANHIA RUBRA

Em 2007 foi lançado um dos suplementos pelo qual sou mais apaixonado, Área de Tormenta para Tormenta D20. Na época ainda não jogava com tanta frequência o sistema D20, mas me aventurava pelo grande 3d&t, narrando a Libertação de Valkaria. O suplemento começa com algumas páginas desse conto de Leonel Caldela e aos poucos, a cada novo capitulo, que revela novas informações sobre a tempestade que já assola Arton por anos. Novas páginas desse conto são reveladas e se nos atentarmos podemos perceber que as informações vividas pelos personagens são um vislumbre do que o próximo capitulo tem a revelar.

O conto é narrado pelo ponto de vista de Grotesco, um meio-orc que faz questão de mencionar sua juventude em vários trechos ao decorrer da história, nos dando a ideia do tempo transcorrido desde sua última batalha. Aos poucos somos apresentados à todos os integrantes da companhia rubra, Reynard  (mago humano), John de Sangue (ex pirata) que dividem a liderança do grupo, Shantall (druida Nagah), Fallyse (um pássaro-roca, companheiro de Shantall), Syrion (elfo monge que se recusa a pegar em armas) e Velk “o galo louco” (guerreiro humano insano devido a tormenta) que além de muito diversificados é mostrado apenas uma fração do poder e experiência em combate que eles possuem, já que logo que aceitam sua missão de se infiltrar na área recém-formada de Zakharov, acabam por invadir o castelo de um lich e recuperar armaduras que podem minimizar os efeitos da Tormenta.

“Afinal de contas um lich é nada além de uma tarde de sexta monótona”. ¬¬

Além de exemplificar e aprofundar um pouco as “mecânicas”, os perigos e as condições mais adversar e problemáticas de adentrar uma área de tormenta, conhecemos também um pouco mais da personalidade dos integrantes e também da sua capacidade de luta, já que temos um vislumbre de quando o grupo se divide durante um descanso e os personagens ficam entre a decisão de acordar o grupo ou lidar com o problema sozinhos. Um personagem que a princípio parece ser apenas o guerreiro louco que mata tudo o que vê, se desenvolve rapidamente aqui, já que sua sanidade parece recuperada enquanto permanece na Tormenta, mostrando ser uma peça chave para que a missão seja concluída.

Somos então introduzidos e mergulhados nos horrores que vivenciam conforme se aprofundam naquela área descobrindo seus segredos e evolução, afinal a Tormenta está aprendendo com Arton e esse aprendizado é reproduzido nas páginas de forma bem clara e talvez para alguns indigesta, isso até determinado momento aonde chega no ponto alto da narrativa, a primeira aparição de Aharadak.

Os personagens se veem no dilema de lutar ou voltar com as informações adquiridas e numa decisão a contragosto do líder e vencido por votação, decidem lutar e como dizem “não temos escolha senão vencer”. Os preparativos para luta demonstram mais uma vez o poderio que o grupo tem, aliados elementais e extra-planares, além magia inundando todos os membros do grupo aumentando a escala de poder em níveis únicos, até o encontro acontecer e ver que tudo isso não adiantou de nada. Ao se deparar com o “monstro-mor no centro da Masmorra” a Companhia Rubra se encontra em um cenário desesperador e opressor com hordas de demônios incontáveis onde mesmo sem mexer um musculo, uma pata, Aharadak derruba as defesas e os membros do grupo, de maneira inesperada (ou esperada dependendo do ponto de vista). Então temos um pequeno plot twist de Leonel, onde a esperança parece brotar no meio do caos e desordem, um vislumbre de sucesso da missão já que tudo parecia perdido, mas como diria o ditado “Hoje Não” e isso é apenas mais uma maneira de nos apegar aos personagens e sentirmos quando esses partirem.

O conto então se encerra após uma decisão repentina de Grotesco que consegue “desabilitar” o Deus da Tormenta momentaneamente e conseguindo tempo suficiente para uma súplica desesperada para escapara daquele inferno onde mais uma vez sentimos pesar ao ver a magia falhar perante ao caos – e outro personagem se sacrificar para que a próxima magia seja executada com sucesso evacuando os membros restantes.

Epilogo

Vemos então uma breve descrição do acontecido com os sobreviventes e da sua aposentadoria forçada, finalizando mais uma história do qual gosto de revisitar de tempos em tempos (ainda mais caso eu vá narrar uma sessão lefeu) e por conter uma história a princípio simples mas composta de pequenos detalhes, descrições e ótimo contexto para adentrar ainda mais aos horrores lefeus.


A ÚLTIMA NOITE EM LENÓRIENN

O conto traz dois personagens em sua trama – Dok e Gwen, que são revistos nos 2 próximos livros de Karen Soarele, A Joia da Alma e A Deusa no Labirinto. Este conto traz um pouco da origem desses 2 personagens, como se conheceram e partiram em suas jornadas. Havia lido os outros livros anteriormente, então revisitar esses personagens por meio do conto foi como “um flashback”, um vislumbre do que esses personagens passaram e chegaram aos acontecimentos lidos emA Joia da Alma por exemplo.

O conto é escrito pela perspectiva de Gwen, suas percepções e crenças que como elfa, já possuía a respeito de goblins, vemos o dia a dia no templo que serve (posteriormente descrito como templo de Tanna-Toh), seus afazeres comuns, inclusive de cuidar do novo alvo de estudo – Dok o goblin, que passará por uma série de “exames” afim de que os elfos possam aprender algo dessas criaturas, que seja útil. 

Gwen passa a cuidar do goblin e apesar de sua experiencia com ele ser breve, passa enxergar ele como outro ser, não uma criatura ou um monstro e alvo de estudo. Tal ser pode trazer conhecimento novo, mas não da maneira como pretendem, o que é acentuado logo que o alto sacerdote chega realizando certas atrocidades e Gwen fica horrorizada a ponto de ir contra as regras de seus superiores para libertar Dok.

A pequena trama tem sua reviravolta com Gwen confrontando seus dogmas, sendo proibida de mentir, revelando o que fez e o porquê fez, sendo mantida então como prisioneira, o que acaba por salvar sua vida nos eventos que se seguem – pois o título do conto nos traz exatamente no ponto onde a invasão goblinoide começa, na derrubada de Lenórienn e dos templos e cidades elfas ao redor, culminando então em sua fuga de Lamnor, da amizade com o Dok e dos seus poderes clericais. A escrita é ótima e fluida, trazendo um preview do que veríamos nos próximos livros.


A MAIOR AMBIÇÃO – MARTELO PENDENTE

Estes contos foram publicados como introdução em duas grandes aventuras lançadas para tormenta D20. A Libertação de Valkaria e Contra-Arsenal respectivamente. A primeira é uma grande masmorra sub-dividida em 20 desafios “menores”, menores é um termo até injusto para definir cada desafio, pois é uma campanha extremamente longa dependendo do grupo e da disponibilidade do grupo em jogá-la, existindo masmorras que vão exigir muito dos jogadores para alcançar o final. A segunda aventura é algo muito esperado no cenário, a oportunidade de enfrentar Mestre Arsenal em uma batalha épica e decisiva, que é desmembrada em várias pequenas quests que podem minimizar o poderio final do inimigo em seu último confronto.

Os contos

A Maior Ambição, cita um pequeno diálogo entre Khalmyr e Valkaria antes de receber sua punição devido aos acontecimentos que ficaria conhecido como a Revolta dos Três. Nessas poucas páginas que se seguem nota-se os pequenos detalhes que fazem um deus, a ordem, a linearidade, simetria e a perfeição única em cada aspecto que existe em Ordine, desde os picos das montanhas, até as folhas das arvores caindo em perfeita sincronia e a disparidade que a presença “imperfeita” de Valkaria causa. Devido ao seu aspecto caótico e de descontentamento, sua busca por algo inatingível, torna a deusa algo imperfeito e estranho no meio de tanta ordem, sendo alvo de admiração pelo deus da Ordem e justiça. Sabendo de sua natureza única e inconstante vemos o porquê permitir a deusa da ambição receber o castigo mais brando dos três, porque a sua pose suplicante aos céus, porque confiar aos humanos a tarefa de sua libertação e um vislumbre do maior sonho de Valkaria – a superação dos deuses.

Existem dois ícones no cenário de Tormenta que são inconfundíveis, o Paladino de Arton e Mestre Arsenal, vemos a jornada do Paladino em Holy Avenger, porém Mestre Arsenal é único pois intencionalmente não possui algum arco de evolução de personagem, ele é o que é porque sim. Um sobrevivente de outro mundo com objetivos desconhecidos até o momento dessa aventura e desse conto. Em apenas algumas páginas temos a possibilidade de especular um pouco mais sobre esse ícone do cenário, sua busca por itens mágicos e porque precisa deles além de conhecer alguém que já o acompanhou em alguma aventura/missão, o que nos remete ao conto anterior, Valkaria. Agora como deusa liberta se encontra com Arsenal para um “bate-papo”, como antigos companheiros o que instiga a imaginação para saber em qual lugares eles passaram e o que fizeram. O que leva ao verdadeiro motivo do encontro, os deuses irão intervir na busca de Arsenal, irão impedir de trazer a guerra e marchar contra o Reinado em seu colosso gigante? Ou deixarão os mortais lutarem com suas próprias forças e serem dignos de sua liberdade? E a conclusão disso é melhor ainda, pois depende do que aconteceu em sua mesa, não de um lore em específico ou de uma versão oficial que os criadores do cenário lançaram. Apenas nos é entregue o começo de uma ótima história que será desenvolvida em jogo.


Ufa – essa é a primeira resenha que escrevo, receio ter me alongado demais em algumas partes ou talvez em algum conto em específico, mas espero terminar de ler os próximos contos e trazer o conteúdo para o site em breve.

Leandro “Krolaf Wolfes” Moreira

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